quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Autonomia (dos) nos veículos jornalísticos
A proposta de discutir a autonomia dos veículos e de seus produtores é interessante pelo fato de mostrar que nossa profissão não é algo restrito, e portanto, simples de se fazer, sem que haja um pouco de esforço e reflexão. O jornalismo consegue dialogar com pequenas questões locais (jornalismo de bairro, jornalismo comunitário), mas também com grandes interesses sociais e econômicos (especulações, grandes movimentações econômicas) demandando flexibilidade tanto no mercado do jornalismo, quanto de seus profissionais.

Partindo do pressuposto que a autonomia é algo relativo e não se dá por completo (sempre dependeremos de fatores econômicos, sociais, interesses distintos de diversas parcelas da população) devemos procurar alcançá-la. Algo parecido com a imparcialidade jornalistica, deve ser um objetivo a ser alcançado.

Considero autônomo o jornalista ou a empresa de comunicação que consegue estabelecer sua marca e com isso expressar uma opinião. Quando a Globo, por exemplo, expressa sua opinião tem autonomia para garantir seus ideais e posições editorais. Essa organização em especial obtém essa capacidade por conta de sua grande audiência e capacidade de penetração.

Claro que autonomia é limitada, como já foi dito. Continuando com o exemplo da Rede Globo, ela tem a opção de barrar uma propaganda que vá diretamente contra sua política interna. Pelo fato de depender de anúncios a rede não poderá barrar todos os anúncios, porém, alguns ela tem autonomia e possibilidade de fazer. Esse “poder de veto” (exemplificado aqui como autonomia comercial e editorial) já não se repete com a mesma intensidade nos concorrentes diretos dela. O SBT, Record, Band, também possuem suas respectivas autonomias, mas pelo fato de não possuírem o mesmo poder econômico que a líder do mercado, não tem tanta capacidade de escolha quanto ela, portanto se tornam menos autônomos com relação ao mercado.

O jornalista que possui autonomia é o jornalista que é lembrado antes de seu veículo, uma pessoa cuja presença é importante em qualquer local que esteja, que tenha a capacidade de “levar sua audiência para onde vai”. Podemos levar em conta diversos exemplos: Mônica Bergamo, Ricardo Boechat, José Hamilton Ribeiro. Se elevarmos a comparação ao extremo, um dos jornalistas que conseguiu obter o maior nível de autonomia na imprensa brasileira durante sua carreira foi Mino Carta. Após experiências em diversos veículos impressos montou sua própria revista.

Em suma, a autonomia jornalística é algo essencial para bons jornalistas e para as boas empresas de comunicação. Pessoas que querem ter destaque na profissão e no mercado, não se tornando apenas mais um jornalista ou veículo dentre todos. Com certeza não é algo fácil de ser conquistado, demanda tempo e esforço, porém o quanto for preciso gastar nesta tarefa deve ser gasto. Exige grande empenho pessoal. Ter um nome respeitado por chefes, colegas, concorrência e principalmente por leitores é algo essencial para um bom jornalista.

sábado, 3 de abril de 2010

Termos!!!

Li algumas palavras e sinto a obrigação de compartilhar com todos.

Acredito que seja uma reflexão interessante sobre como generalizamos muitas coisas, com termos e formalidades. E acabamos tratamos homens, mulheres e crianças como coisas. Essas palavras mostram, ao meu ver, como causamos desrespeito a nós mesmos ao aceitarmos todos esses acontecimentos e reproduzirmos esses termos que ferem(feriram)tantas pessoas:

(...) Lançar mais bombas sobre um minúsculo país asiático durante m ano do que se lançou na Europa durante toda II Guerra Mundial torna-se “escalada”. Ameaçar queimar e explodir vários milhões de civis num país inimigo chama-se “dissuasão”. Transformar uma cidade em lixo radioativo chama-se “conquistar” uma cidade. Um campo de concentração (que, por sua vez, já constitui um eufemismo para prisão política) passa a ser uma “aldeia estratégica”. Uma comparação entre o morticínio em ambos os lados numa guerra denomina-se “razão de morte”. A totalização dos cadáveres chama-se “contagem de corpos”. Expulsar os negros de uma cidade transforma-se em “renovação urbana”. A descoberta de novas maneiras astuciosas para lograr o público converte-se em “pesquisa de mercado”. Superar o descontentamento de empregados chama-se “administração de pessoal”. (Theodore Roszak, A contracultura, p.149)

Pessoal, temos como função divulgar por meio de palavras ideias que permeiam nossa sociedade, é uma grande responsabilidade, vamos nos dar conta de que antes de números, estatísticas, processos, políticas etc. existem pessoas. E essas pessoas merecem ser respeitadas e sua opinião também deve estar representada em nossas laudas.